Escrito por Rafael Vicente em 2004:
"Caroline Tavares, ao elaborar sua obra, investe na palavra
escrita como ferramenta de trabalho; essa inscrição, ora é vista como imagem
ora como significante. Suas pinturas revelam uma conexão sincera entre
pinceladas, letras e gestos. Ela imprime
sobre a superfície da tela um arquivo de emoções, e faz com que seu
envolvimento entre feixes de tinta escorridos e uma colagem minuciosa, seja
pleno.
Suas
pesquisas fazem um jogo entre palavras e composição, seja sobre tela ou papel,
com acrílica ou plotter, Caroline não elege técnicas nem materiais. Os esquemas axiais das colagens nos fazem
transitar entre pequenos e grandes espaços estabelecendo um arrebatamento que
vai além da contemplação.
Caroline é uma artista que não segue moldes.
Percorre a pintura com pensamentos e questões plásticas. Seus trabalhos
armazenam atitudes e tentativas que nos remetem a uma busca de procedimentos
pictóricos sem regras."
Escrito por mim em 2004:
Em meu processo criativo procuro preservar a espontaneidade e manter a fluidez do gesto.
No projeto de um trabalho não tenho, ainda, uma estrutura pictórica formada e, no seu desenvolvimento, não há muita expectativa em relação ao resultado.
O acaso é característica marcante na minha produção. A tinta que escorre pela ação da gravidade, a mancha que se alarga, a cor que se sobrepõe à outra ou o traço que se impõe, integram-se ao que já há e acolhem o que está por vir.
Muitas vezes, a ideia nasce mas precisa ainda de um tempo para amadurecer no concreto. O tempo nem sempre é para pensar soluções práticas ou modos de expressão, é o tempo da própria palavra, cor ou tema, o tempo da ideia mesma crescer em si e se fazer expressão – concreta e visível.
Escrito por mim em 2005:
A dinâmica entre palavra e pintura é minha atual
linha de experimentação, investigação e estudo.
Com o projeto Guarde nos Olhos, que tem
como proposta apresentar um campo múltiplo de expressões, numa interseção entre
a pintura, a fotografia e a poesia; a palavra, poesia ou não, convidou-se a
participar da minha produção.
Os trabalhos que se
seguiram – pequenos ou grandes, em tela ou papel, coloridos ou sutis como o
branco, e com diferentes faturas – sempre apresentam palavras, sozinhas ou
acompanhadas.
Pesquisar materiais e modos de criar “pinturas
escritas” e “palavras pintadas” é um caminho que encontrei e onde me sinto
muito à vontade.
Criar pinturas, criar escritos, criar a dinâmica
entre eles.
Perceber a palavra também como traço, como linha,
como elemento pictórico.
Perceber a pintura como continente e conteúdo.
É lúdico, mas, ao mesmo tempo ou por isso mesmo, é
da maior importância pra mim; é sincero, é visceral, no sentido de que reside
no meu íntimo.
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