10 de março de 2013

Processo Criativo


Escrito por Rafael Vicente em 2004:
"Caroline Tavares, ao elaborar sua obra, investe na palavra escrita como ferramenta de trabalho; essa inscrição, ora é vista como imagem ora como significante. Suas pinturas revelam uma conexão sincera entre pinceladas, letras e gestos.  Ela imprime sobre a superfície da tela um arquivo de emoções, e faz com que seu envolvimento entre feixes de tinta escorridos e uma colagem minuciosa, seja pleno.
Suas pesquisas fazem um jogo entre palavras e composição, seja sobre tela ou papel, com acrílica ou plotter, Caroline não elege técnicas nem materiais.  Os esquemas axiais das colagens nos fazem transitar entre pequenos e grandes espaços estabelecendo um arrebatamento que vai além da contemplação.
Caroline é uma artista que não segue moldes. Percorre a pintura com pensamentos e questões plásticas. Seus trabalhos armazenam atitudes e tentativas que nos remetem a uma busca de procedimentos pictóricos sem regras." 

Escrito por mim em 2004:
Em meu processo criativo procuro preservar a espontaneidade e manter a fluidez do gesto.
No projeto de um trabalho não tenho, ainda, uma estrutura pictórica formada e, no seu desenvolvimento, não há muita expectativa em relação ao resultado.
O acaso é característica marcante na minha produção.  A tinta que escorre pela ação da gravidade, a mancha que se alarga, a cor que se sobrepõe à outra ou o traço que se impõe, integram-se ao que já há e acolhem o que está por vir.
Muitas vezes, a ideia nasce mas precisa ainda de um tempo para amadurecer no concreto.  O tempo nem sempre é para pensar soluções práticas ou modos de expressão, é o tempo da própria palavra, cor ou tema, o tempo da ideia mesma crescer em si e se fazer expressão – concreta e visível.

Escrito por mim em 2005:
A dinâmica entre palavra e pintura é minha atual linha de experimentação, investigação e estudo.
Com o projeto Guarde nos Olhos, que tem como proposta apresentar um campo múltiplo de expressões, numa interseção entre a pintura, a fotografia e a poesia; a palavra, poesia ou não, convidou-se a participar da minha produção.
Os trabalhos que se seguiram – pequenos ou grandes, em tela ou papel, coloridos ou sutis como o branco, e com diferentes faturas – sempre apresentam palavras, sozinhas ou acompanhadas.
Pesquisar materiais e modos de criar “pinturas escritas” e “palavras pintadas” é um caminho que encontrei e onde me sinto muito à vontade. 
Criar pinturas, criar escritos, criar a dinâmica entre eles.
Perceber a palavra também como traço, como linha, como elemento pictórico.
Perceber a pintura como continente e conteúdo.
É lúdico, mas, ao mesmo tempo ou por isso mesmo, é da maior importância pra mim; é sincero, é visceral, no sentido de que reside no meu íntimo.

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